28 de novembro de 2008

E se matei a minha sombra algumas vezes
E desviei os olhos do sangue e do silêncio,
É porque vivo, como sabes, entre estes dois gritos,
É porque vivo, como sabes, perto de mim.

2 de agosto de 2008

Podes resistir ao silêncio
E esvaziar a alma noutra alma
Passar por todas as ruas de ti
Sem deixar cair a esperança das mãos

Podes tocar todas as notas de quem te sentes
E criar uma melodia um barco um dia claro

Mas de nada serve

16 de maio de 2008

às vezes sou-te tanto
que não sei se sinto
se sou o que sentes
não sei se as palavras são minhas
ou se o que dizes tem o som de mim

24 de abril de 2008

e de resto a certeza acende sempre o seu lume
e todos os sonhos morrem na fragilidade da sombra
memórias que pulsam mal anoitece
feridas submersas
ramos penas
teimosias

20 de abril de 2008

Explica-me como me levo em mim
Como teço as horas e desfaço os dias
Como toco o céu sem morrer
Ou faço de mim um rio claro
Sem limos sem voz sem fundo
Como lavo as marcas do que nunca foi
Como apago os olhos
Como apago os olhos

8 de fevereiro de 2008

Quando cheguei
Encontrei as palavras fechadas
E nenhuma chave sob a memória
Mas sentei-me à porta do poema
Mesmo sabendo que não regressas
E que já não moro aqui