27 de agosto de 2005

Tento atear o silêncio,
Soltar a madrugada,
Seguir todos os trilhos,
Alheia ao rumor do vento,
Ao desbotar da noite,
Aos meus gestos de pedra.

22 de agosto de 2005

Se ao menos pudesse
derramar a voz,
gota a gota,
em silêncio e lume,
desenterrar a alma,
descobrir os restos de mim,
encontrar-me aqui,
traço a traço.

18 de agosto de 2005

Antes, acreditava na geografia da alma,
No desconcerto harmónico do tempo,
Na nudez da voz.
O futuro era o teu nome secreto,
Intacto.
E a memória amanhecia devagar.

4 de agosto de 2005

Nao me digas os dias que correm,
aponta-me a terra
onde te foste nascendo,
os sulcos do vento,
os muros sempre derrubados.
Não me fales:mostra-me a raiz da voz,
a ternura subterrânea
que nunca floresce.