21 de outubro de 2005

Havia vento nos versos,
Isto é, na pele.
E o rumor frio do mar -
Talvez o murmúrio dos teus passos,
Ou só a sombra de velas.
Talvez entardecesse numa página.

Havia o murmúrio da pele,
Ou só o rumor frio da página,
Isto é, do mar.
Talvez, a sombra dos teus passos - de velas.
Talvez entardecesse nos versos
E no vento.

Havia a sombra fria do mar
E o rumor dos versos, do vento,
Isto é, de velas.
Talvez o murmúrio da página-
Ou só da pele.
Talvez entardecesse nos teus passos.
Já podes guardar os olhos, arrumar as mãos na gaveta do colo. Desfaz pela última vez o que teceste, e fecha a alma sob o linho sem vincos de ti.

2 de outubro de 2005

Há-de haver em ti restos de um abrigo,
A sombra do lume,
Uma melodia em ruínas.
E uma palavra inteira,
Nascida agora,
Ainda suja de sangue.

1 de outubro de 2005

via-me por ti
e agora sou eu
não a que entrevia
não a que entrevias
agora sou eu
sem reflexo
agora sou só eu